06 novembro 2009

Eric Millegan em Vivendo (e Atuando) com Distúrbio Bipolar: Parte 1

Doença mental é uma das coisas mais assustadoras que pode acontecer a um ser humano. É como lutar uma guerra invisível. Não imaginária – invisível. Está lá, mas ninguém pode vê-la, mas a pessoa que a está enfrentando sente cada polegada da mesma. E esperançosamente, outros acreditarão que ela existe. Quando há alguma coisa errada com nossos órgãos, como nosso coração, fígado ou ossos, há um efeito bastante tangível para aqueles que estão ao nosso redor testemunharem. Mas, na maioria das vezes, continuamos a funcionar. Quando o órgão afligido é o cérebro, no entanto, o órgão que dirige o espetáculo, decide como nós agimos, reagimos, comunicamos, socializamos, etc., é realmente diferente. Não há feridas à mostra, hematomas, inchaços, nada que outras pessoas possam ver. Como saberão que não é fingimento?

E se você ganha a vida como ator?

Sou fã de Eric Millegan desde o começo de 2008, quando comecei a assistir a 'Bones'. Ele interpretava meu personagem favorito, o despropositalmente hilário, um caso de Asperger, Zack Addy. Ironicamente, enquanto ele filmava as temporadas que me tornaram fã da série, Eric Millegan, ao mesmo tempo em que interpretava um personagem completamente sem emoção, estava enfrentando um inferno emocional. Recentemente ele postou em seu canal no YouTube que ele tem vivido com o Distúrbio Bipolar e que estava pronto para falar acerca disso. Sujeitos criativos são, por natureza, excelentes contadores de histórias, então aqui está, em suas próprias palavras, a história de Eric Millegan:

Para conferir o restante, siga adiante.

Houve momentos que eu estava num inferno interior, mas as pessoas não necessariamente percebiam. [Então], eu estava apto a progredir. Lembro que na divulgação de ‘Bones’, ainda na primeira temporada, eu estava passando por um episódio bastante desagradável. Comigo, tudo atinge meu peito muito rapidamente, tudo machuca, e é tudo muito rápido. E eu estava à beira das lágrimas, e tive que pedir licença para que pudesse sair e chorar tudo o que pudesse. E lembro que Emily [Deschanel] e eu estávamos numa limusine juntos e eu disse, “Estou passando por um momento extremamente difícil,” e ela disse, “Não posso dizer mesmo.” E de alguma forma, essa foi uma boa descoberta para mim, “Eu posso continuar tentando fazer as coisas mesmo que me sinta de certa maneira.”

Eu queria cantar uma música na Cast Party, mas estava realmente bagunçado por dentro. Minhas emoções estavam desordenadas. [Pensei], “Não acho que possa fazer isso,” mas eu meio que queria levantar e cantar uma música. Então, levantei -- Chita Rivera estava na platéia, justo ela -- e eu cantei ‘Leaving’s Not the Only Way to Go' de Big River, e eu tive uma ovação entusiástica e aclamação vindas de Chita Rivera, e lembro que foi tão emocionante. Lembro que subi ao palco, nem tirei meu casaco nem nada, apenas sentei-me no banco e cantei, e eu realmente me conectei com as pessoas. Conectei-me Chita Rivera, embora estivesse enfrentando um episódio [bipolar].

Acerca do suporte em 'Bones':

Por muitas vezes senti que provavelmente teria acabado num hospital psiquiátrico não fosse a estrutura que ‘Bones’ me deu. Mas [o produtor executivo] Hart Hanson veio a mim no final da primeira temporada e disse “Você é valioso para o programa, portanto se você precisar [sair e] se tratar, você ainda terá seu emprego quando retornar.” E aquilo significou muito. E eu não acabei num hospital psiquiátrico porque trabalhei minha vida toda por um trabalho como ‘Bones’. Para ter um emprego tão bem remunerado, conhecido, e essa era a minha grande chance, e eu não queria perder um segundo da minha grande oportunidade... Mas especialmente, porque Emily e Hart são os que sabiam desde o início, e eles me apoiaram muito, muito mesmo.

Hart Hanson, que tem experiência com entes queridos doentes mentalmente, diz que ele “teve uma pequena prevenção do que estava vindo com Eric.”

“No episódio Piloto, ele parecia perdido e um tanto desajeitado e um pouco tímido – nada disso era verdade, por sinal. Mas o que notei logo de cara, foi que ele ataria os sapatos muitas, muitas, muitas vezes até que estivessem balanceados... Há uma série de coisas [sintomas] que eu reconheci. Depressão foi um, embora tenha identificado mania. Estava esperando que fosse Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).

Acerca de sua descoberta:

O dia em que percebi foi quando acordei pela manhã -- muito, muito, muito deprimido -- então fiquei realmente feliz e decidi que iria para a Disneylândia. E então cheguei a Disney e comecei a chorar. E estava, “Tem algo de errado comigo,” e eu liguei para Charles, meu parceiro, e disse, “Há alguma coisa errada comigo. Eu chorava e chorava e chorava e não fazia ideia do que estava errado.” E aí eu soube que algo não estava certo."

Depois da Disneylândia, Hanson tornou-se uma figura crucial no sistema de apoio a Millegan.

“Senti que não tinha escolha. Foi estranho, porque era apenas alguém que eu havia contratado, e eu vi que ele estava com problemas, e quando percebi, estávamos lá, no meio disso tudo, e não havia expectativa de virar as costas para ele. Foi como fincar o pé num rio e ser arrastado para dentro, e eu estava nisso. E eu apenas dei de ombros e disse ‘Estou nessa. Estou nessa com ele, e ele ficará bem, tomará a medicação, e melhorará,’ e acabou sendo verdade, mas foi muito estressante na época. Era muito estressante estar perto de alguém que estava num momento tão difícil. Uma época terrível, e apavorado com a ideia de cometer um equívoco. Aterrorizado de dizer a coisa errada ou agir erroneamente. Era realmente alguma coisa.”

Quando entrou para ‘Bones’, Millegan se mudou de Nova York para Los Angeles, o qual ele diz que “definitivamente” disparou os sintomas da Desordem Bipolar. “A combinação da mudança para LA e o tendo conseguido um papel num programa de TV.”

Em negação:

Pensei, “Oh, isso é apenas a mudança para LA. Mudei para LA e me darão uma série de drogas e me farão comer sushi e etc.”

Acerca de ser diagnosticado e contando à equipe e ao elenco:

Hart soube quando eu soube. Quando fui diagnosticado, ele foi a primeira pessoa para quem contei. Emily foi, provavelmente, não muito depois. Os outros não souberam por um tempo. Eventualmente eles descobriram. Hart aos poucos estava contando à equipe, aos produtores e aos atores no set. Não acho que tenha contado à Michaela [Conlin] diretamente. Acho que ela descobriu. Tamara [Taylor], não chegou para a segunda temporada, mas logo no começo, puxei-a de lado e disse “Hey, isto é o que estou enfrentando”

Hanson recorda, “Ele teve um momento muito difícil. Era um momento muito difícil com mudanças de humor e mania. Basicamente, ele e eu tivemos uma conversa e eu disse que a decisão era dele, mas eu gostaria que ele conversasse com o psiquiatra dele, mas achei que seria melhor se as pessoas com quem ele trabalhava soubessem contra o que ele estava lutando.”

No trabalho:

Por alguma razão, eu permaneci apto a fazer o que precisasse ser feito. Da “Ação” ao “Cortar,” eu poderia me segurar. Então no meu trailer, eu estaria uma confusão. Mas quando de fato filmávamos as cenas, eu apenas fazia. Fazia porque não queria perdê-lo.

Hanson diz, “Num minuto estava numa poça no chão e no seguinte gravava suas cenas. E isso era muito impressionante. Não são todos que poderiam fazer aquilo.”

Na parte 2: Tomando a medicação, pensamentos suicidas e a revelação ao público.*

Eric também recomenda o livro “Detour: My Bipolar Road Trip in 4-D” de Lizzie Simon, um presente de Emily Deschanel, que relata histórias de várias pessoas que vivem com a Desordem Bipolar.

Fonte: The Huffington Post

*Assim que disponível, postarei aqui.

Tenho que fazer uma confissão, essa matéria não apenas me fez chorar, mas também me fez amar ainda mais essa série e as pessoas envolvidas com a mesma. E agora faz total sentido o tweet do Hart e uma declaração na Comic-Con, se não estou enganada, há uns meses acerca de um estagiário bipolar.

4 comentários:

  1. Concordo com tudo que voçê escreveu.Eu também chorei muito.E depois de ler essa matéria,não tenho nem palavras pra descrever o orgulho e satisfação que eu tenho em dizer que amo de paixão essa série e todas as pessoas que estão nela.São pessoas especiais,iluminadas e acima de tudo,seres humanos incríveis Só tenho mais uma coisa pra dizer:EU AMOOOOO bones!!!!

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  2. Achei essa materia muito interessante, não fazia ideia de que o Eric Millegan era bipolar.Legal saber que o pessoal de Bones, principalmente o Hart Hanson, apoiaram ele.

    A segunda parte da mateira também é bem interessante
    (http://www.huffingtonpost.com/jamie-frevele/eric-millegan-on-living-a_b_338419.html)

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  3. Pois é Anna. Qualquer tipo de doença é complicada. Ser bipolar é pular de paraquedas (sem o paraquedas) a cada minuto de cada dia.

    Acho que isso 'ajudou' o Eric Millegan a ser tornar o grande e querido ator que ele se tornou para os fãs de Bones.

    Ele foi com suas limitações até o limite e isso formou dele um caráter tão profundo que ele teve coragem de contar para todas as pessoas. Acho uma vitória para ele admitir que esta doente, não é qualquer pessoa, ainda mais um ator no auge, que vai no yooutube e põe literalmente a cara pra bater.

    Lindíssima e emocionante matéria.

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  4. Anna, obrigada por indicar a parte 2 da matéria. Eu ainda não a tinha visto. No decorrer da semana a postaremos aqui. ;)

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